sexta-feira, 24 de junho de 2011

Eduardo e Mônica - O Filme... e um plágio?

Cena do videoclipe "Eduardo e Mônica"
Pegando o gancho do filme Faroeste Caboclo”, em produção, baseado na canção homônima do Legião Urbana, a Vivo aproveitou e lançou no dia dos namorados um videoclipe interpretando outra música da banda, que também conta uma história, a canção “Eduardo e Mônica”.

A realizadora da idéia foi a Agência Africa, fundada pelo publicitário Nizan Guanaes, que conseguiu dar uma visão cinematografia para a canção. Os atores escolhidos, para interpretarem os papéis de Eduardo e Mônica, foram Pedro Clemente e Taís Medeiros. O vídeo fez sucesso imediato na internet.

Mas o que parecia ser um gancho criativo e inovador na interpretação da canção tornou-se uma disputa por plágio entre as agências Publicis, antiga Salles D’Arcy, e Africa.

Ocorre que no ano 2002 a antiga operadora ATL Celular, comprada pela Claro, e que atuava no Rio de Janeiro e Espírito Santo, também aproveitou a canção do Legião Urbana em uma campanha. Após a polêmica, a Vivo, em comunicado à imprensa, afirmou desconhecer o videoclipe da ATL.

O interessante nessa história é que a premiada agência brasileira Africa já havia sido acusada de plágio em outra campanha. Ano passado, o designer Mico Toledo acusou a agência por plágio após ter sua arte, para o projeto da Music Philosophy no qual uma imagem interpreta a música "Why Worry", da banda Dire Straits, copiado e usado na campanha da Suzuki. Na época, a acusação gerou protesto no Twitter e culminou na hashtag #AfricaFAIL.
Arte do designer Mico Toledo e campanha da Suzuki pela Africa
Em ambos os casos a Africa alega coincidência ou erro operacional. Veja abaixo os vídeos das campanhas.

Eduardo e Mônica pela Publicis para ATL Celular

Eduardo e Mônica pela Africa para Vivo

Saiba [+]
Antes da Vivo, ATL usou Eduardo e Mônica
Africa diz que seu "Eduardo e Mônica" não é plágio
Ilustrador acusa Africa de plágio. Agência nega

[MAKING OF] Eduardo e Mônica - O filme

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Trilogia do Descaso

Fachada do prédio centenário do Centro Paula Souza
Recentemente o Projeto Monjolo, blog para discussão de Informática e Educação, publicou 3 artigos intitulados “A Guerra de Números”. Divididos em “Greve no Centro Paula Souza”, “justiça, herança e cidadania” e “Espionagem e Traição” os artigos esclarecem fatos envolvendo a greve dos professores e funcionários e o descaso do governador Geraldo Alckmin perante as reivindicações.

Para quem não sabe o Centro Paula Souza é uma autarquia do Governo do Estado de São Paulo que administra as Escolas Técnicas (Etecs) e as Faculdades de Tecnologia (Fatecs). Por se tratar de ensino técnico ela está vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia ao invés da Secretária  da Educação do Estado de São Paulo porque o Estado entende que este ensino é voltado para o mercado e emprego.

Considerada a “menina dos olhos”, das consecutivas gestões do PSDB de SP, e utilizada como bandeira educacional, por seu enorme apelo político, nas últimas eleições, o Centro Paula Souza não tem recebido o devido merecimento, pois seus funcionários e corpo docente estão sem reajuste salarial desde 2005.

Para se ter uma idéia, segundo o Banco Central, a Inflação Efetiva (IPCA % a.a.) somados no período é de 29,4%. E dadas às informações vinculadas na mídia alguns devem pensar como  “bondosa” a proposta de 42,2% de aumento do governador Geraldo Alckmin, divididos em 4 anos. Ocorre que este reajuste foi proposto aos professores da rede estadual, vinculados a Secretaria de Educação. Portanto os funcionários e docentes do Centro Paula Souza não terão acesso a esta proposta, porque estão no orçamento de outra secretaria, recebendo tratamento diferenciado e uma proposta de apenas 11%.

Indignados com a “manobra política” do governador de São Paulo os funcionários e docentes iniciaram greve que perdura há 14 dias, sem solução aparente. Isto porque o Estado trava uma guerra nos “bastidores” tendo inclusive, neste caso, apoio da tímida mídia paulistana que raramente dá destaque ao fato. O episódio daria ótimo roteiro para um filme dirigido pelo falecido Claude Chabrol.

Além da adesão de funcionário e docentes, os alunos também se engajaram nas reivindicações apoiando e participando ativamente das manifestações, por entenderem que um ensino de qualidade tem em sua base professores bem remunerados.

Com tanto descaso pelo Estado de SP é provável que esta história tenha novos episódios ou novas trilogias e o rumo de tudo isto você poderá acompanhar no Projeto Monjolo.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Manifesto Hurricane

single "Hurricane"by Bob Dylan

Hoje, em comemoração aos 123 anos em que a Lei Áurea foi sancionada, data que jamais deveria ser esquecida, este blog publica o Manifesto Hurricane, contra a Discriminação Racial.

A data só foi lembrada pela mídia devido ao tumulto entre manifestantes e policiais, em virtude dos protestos, convocado pela ONG UNEAFRO, contra mortes de negros pela polícia e grupos de extermínio.

Nesta data tão importante, símbolo da luta contra o racismo, não podemos nos esquecer de histórias absurdas causadas pelo preconceito racial.

Uma que sempre deve ser lembrada é a do boxeador Rubin “Hurricane” Carter.

Acusado injustamente pelo assassinato, em 1966, de 3 pessoas, em um bar de New Jersey, Hurricane (Furacão, como era conhecido), passou 19 anos na prisão. Usado como bode expiatório, no crime, foi condenado por ser negro em um julgamento forjado.

Sua história foi contada através da linda canção “Hurricane” de Bob Dylan, que a compôs indignado pelo falso julgamento. Tamanha era sua indignação que Dylan, na canção, chama o tribunal de “pig-circus” (circo de porcos) e diz “o homem que as autoridades acabaram culpando / por algo que ele nunca fez. / colocando numa cela de prisão, mas houve um tempo / em que podia ter sido o campeão mundial” de boxe.

Portanto, esta canção deve ser cantada e ouvida hoje!


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Hurricane, by Bob Dylan - letra e tradução
Filme: Hurricane - O Furacão (com Denzel Washington)
'Huracán' Carter, la vida después de la tormenta (jornal Marca)

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Cadê a Estação Angélica do Metrô?

fonte imagem
Não é a primeira vez que a cidade de São Paulo perde ao desativar um projeto de transporte público, em andamento, para privilégio de alguns poucos moradores, empresários ou associações.

O primeiro caso foi a Estação Três Poderes do Metrô (Linha 4 – Amarela), que constava no projeto original, de 1995, e estaria localizada entre as estações Butantã e São Paulo-Morumbi.

Após o início da construção da Linha 4 – Amarela, em 2004, os moradores do bairro do Morumbi se organizaram contra a construção de um terminal de ônibus e conseqüentemente contra a Estação Três Poderes. A alteração do projeto fez com que a distância entre as estações Butantã e São Paulo-Morumbi (2,4 km) ficasse sem acesso ao Metrô, prejudicando os trabalhadores da região.

Já, no final do ano passado, os moradores da Vila Inah (Saviah) conseguiram liminar na justiça proibindo a assinatura do contrato para construção da Linha 17 – Ouro do Metrô, o primeiro com a tecnologia de monotrilho (parecido com os usados na Disney - EUA). Esta Linha ligaria os  Metrôs 1 – Azul, 4 – Amarela, 5 – Lilás e 9 da CPTM. Porém, este ano, o projeto, foi engavetado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), conforme noticiado pela Folha.

Essa semana, em outro revés, o governo de São Paulo desistiu de construir a Estação Angélica, após protesto de moradores, empresários e comerciantes, encabeçado pelo empresário Pedro Ivanow, da Associação Defenda Higienópolis, com um abaixo assinado que reuniu apenas 3.500 assinaturas.

Ocorre que o projeto estava embasado num estudo que comprovava a demanda para atender à população que trabalha na região e sofre com a carência de transporte público adequado.

Na semana passado o Metrô, em audiência pública, apresentou novo projeto cuja documentação em PDF está disponível no site, criando a Estação FAAP-Pacaembu, no lugar da Estação Angélica, irritando, com a mudança, a Associação Viva Pacaembu que é contra e promete barrar na justiça a construção.

Portanto, até quando o governador Geraldo Alckmin se submeterá à vontade da organizada elite paulistana em detrimento de toda a população da cidade de São Paulo?

leia [+]

Alckmin "apaga" metrô (estação Três Poderes) rejeitado por vizinho
Governo de SP engaveta ligação rápida de Congonhas até o metrô
Após protestos, governo de SP desiste de metrô na Angélica

terça-feira, 10 de maio de 2011

Jornalista norte-americano traz bom senso à discussão do caso Bin Laden.

Em artigo publicado ontem na Folha de São Paulo o jornalista norte-americano Michael Kepp traz bom senso à discussão do caso Osama Bin Laden. O texto está logo abaixo na integra.

Assinantes Folha/UOl podem conferir a matéria aqui.
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São Paulo, segunda-feira, 09 de maio de 2011  

OPINIÃO O FIM DA CAÇADA

Festejos à morte de Bin Laden me dão vergonha de ser norte-americano

Os que aplaudiram a morte desse inimigo teriam tido outra conduta se lembrassem das lições de Nuremberg



MESMO OS MAIS MALIGNOS ENTRE NÓS DEIXAMOS PARA TRÁS ALGUÉM QUE CHORA POR NOSSA MORTE



MICHAEL KEPP
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Assistir às imagens de multidões festejando a morte de Osama bin Laden diante da Casa Branca me fez sentir vergonha de ser americano. A morte de qualquer pessoa deveria ser algo sério, que nos leva a fazer uma pausa para refletir. No entanto, o assassinato de Bin Laden trouxe uma sensação de ponto final para as famílias das mais de 3.000 pessoas cujas mortes ele ordenou. E as famílias têm o direito de sentir alívio e catarse. É o que frequentemente sente quem assiste à execução de um prisioneiro condenado por matar membros de sua família. Mas ele não deveria gritar palavras sanguinárias quando o corpo do executado para de se mexer. Talvez o que torne a morte uma ocasião tão solene é que mesmo os mais malignos entre nós deixamos para trás alguém que chora nossa morte. Logo, foi apropriado Obama falar em tom solene ao anunciar a morte de Bin Laden. Mas será que foi honesto dizer que "justiça foi feita"? Nos EUA, a justiça é feita quando uma pessoa é levada a julgamento, não quando uma pessoa desarmada que não estava resistindo à prisão é executada sumariamente, que, aparentemente, é como Bin Laden morreu. A equipe militar que o executou provavelmente recebera ordens de trazê-lo de volta morto, e não vivo. Mas por quê? Os julgamentos de Nuremberg levaram líderes nazistas à justiça, em lugar de serem executados sumariamente, e, assim, enobreceram as forças armadas. Esses julgamentos disseram ao mundo: "Nós temos os princípios que faltam a vocês, criminosos de guerra". Ao levar Bin Laden a julgamento, os EUA poderiam ter transmitido a mesma mensagem, e não uma que diz "execução sem julgamento pode ser chamada de justiça". Os EUA poderiam ter julgado Bin Laden em Guantánamo, onde mantêm encarcerado Khalid Sheikh Mohammed -o alegado arquiteto operacional do 11 de Setembro, cujos ataques mataram milhares de civis inocentes-, que será julgado ali. Imagino que os EUA tenham decidido que matar Bin Laden seria mais fácil. É por isso que Obama ordenou que aviões não tripulados executassem outros membros da Al Qaeda, até mesmo o clérigo radical Anwar Al Awlaki, cidadão americano. O presidente Obama agora parece ser um líder ousado e corajoso, porque autorizou uma missão de combate arriscada que eliminou o pior inimigo de seu país desde Hitler. Para mim, porém, ele e os americanos que aplaudiram a morte desse inimigo poderiam ter agido de maneira mais pautada por princípios se tivessem se lembrado das lições de Nuremberg.

MICHAEL KEPP, jornalista norte-americano radicado há 28 anos no Brasil, é autor do livro de crônicas "Sonhando com Sotaque" (ed. Record)

Tradução de Clara Allain
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